/Trabalho apresentado no 20º Congresso Internacional da WMS2015 – Brigthon, Inglaterra

Teresa Genesini

 

O trabalho de pesquisa “Desautorizando o sofrimento prêt- à-porter” desenvolvido na Clínica de Psicanálise do Centro do Genoma Humano da Universidade de São Paulo, em parceria com o Instituto da Psicanálise Lacaniana – IPLA, vem se desdobrando em novas pesquisas, como a que apresentaremos no 20º Congresso Internacional da World Muscle Society – WMS 2015, em Brighton, de 30 de setembro a 4 de outubro de 2015.

NEUROMUSCULAR PATIENTS: COMPLAINTS ARE UNRELATED TO DISEASE – Trabalho apresentado no WMS 2015:

O senso comum não é bom conselheiro. Espera-se que os pacientes afetados por doenças neuromusculares (NMD) que procuram tratamento psicanalítico sofram por causa de sua condição degenerativa.

A hipótese do trabalho apresentado no WMS 2015 é que o sofrimento é singular e não prêt- à-porter.

Mais de 100 pacientes e membros da família afetados por doenças neuromusculares têm sido tratados na Clínica de Psicanálise do Centro do Genoma Humano (USP) desde 2006, com bons resultados. Os pacientes são atendidos semanalmente por uma equipe de psicanalistas treinados e supervisionados. A cada 3 meses esses pacientes são revistos pelo psicanalista Jorge Forbes e pela geneticista Mayana Zatz. O impacto do tratamento é então avaliado.

Surpreendentemente, o follow-up (no Centro HUG-CELL, USP) dos psicanalistas no tratamento de portadores de diferentes distrofias (NMD) revelou que a maioria das queixas dos pacientes não estão relacionados com a sua doença, como mostra o quadro abaixo.

 

Caso

Diagnóstico

 

Queixa principal

Resultado

M., 13 anos

Miopatia congênita 

Não consigo lidar com as preocupações crescentes e superproteção de minha mãe.

Ela precise ser tratada pela equipe de Psicanálise.

Depois de ser tratada, a mãe recuperou a sua vida própria.

A postura física do paciente teve uma melhora significativa.

 

E., 43 anos

Distrofia muscular do tipo cinturas 
( DMC )

 

Eu perdi todas as minhas chances. Não consigo ver um futuro para mim .

 

Ela publicou um livro em que conta como a psicanálise a ajudou a renascer.

 

S., 35 anos

Distrofia Miotônica de Steinert 

Minha mãe morreu e tudo o que consigo fazer é passar meus dias sobre seu túmulo.

 

Depois da primeira sessão ele declarou que sua mãe apareceu em seus sonhos dizendo que ela não queria que ele fosse mais para o cemitério.

Ele redescobriu trabalho, amor e vida.

 

MJ., 43 anos

Distrofia muscular do tipo cinturas ( DMC )

(desde os 20 de idade em cadeira de rodas)

 

Meu problema é meu marido. Ele sofre de transtorno do pânico e quer que eu vá com ele em todos os lugares . Eu quero que ele seja tratado. Preciso de mais liberdade.

 

Depois de ser tratado, seu marido ganhou autonomia e ela também.

 

Escolhemos esses quatro casos clínicos para ilustrar como a psicanálise pode modificar as teorias prêt- à-porter de como lidar com pacientes portadores de distrofia. 

CONCLUSÕES

O sofrimento é sempre singular e está muito longe de suas patologias orgânicas. Entendemos que a “justa escuta do sofrimento de cada paciente” melhora o resultado do seu tratamento.

Ninguém sofre por comparação, mas por singularidade.

Não existe uma relação linear entre a condição degenerativa e o sofrimento 

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Clique no link abaixo para acessar o pôster que será apresentado no congresso:

http://www.ipla.com.br/Newsletter/Poster_Neuromuscular_Patients-2015.html