/Debate: Células-tronco embrionárias: usa ou não para pesquisa?

Debate no Salão Nobre da Câmara Municipal de São Paulo, na noite de quarta-feira, 20 de junho: Células-tronco embrionárias: usar ou não para pesquisa?

Uma noite de glória para a vida. A psicanálise, através de Jorge Forbes, provocou aplausos repetidos numa platéia lotada, de mais de trezentas pessoas.

O Professor e Ex-Presidente Fernando Henrique Cardoso, a vereadora Mara Gabrilli e a OAB-SP promoveram um debate sobre a pesquisa com células-tronco embrionárias, no Salão Nobre da Câmara Municipal de São Paulo, na noite dessa quarta-feira, 20 de junho.

Além dos dez debatedores, entre os quais se destacava Mayana Zatz, e dos promotores do evento, já citados, compuseram também a mesa o governador José Serra, Luiz Flávio Borges D’Urso – presidente da OAB-SP – e a deputada Célia Leão. A mediação do debate coube à jornalista Sílvia Poppovic. A platéia lotada seguia atenta os debates, conhecedora de que o que ali se passava influenciaria as decisões em curso sobre a legalidade de se fazer pesquisas com células-tronco embrionárias.

A vereadora Mara Gabrilli abriu o evento e foi homenageada por todos da mesa pela sua iniciativa e por seu trabalho em prol das pesquisas que visam a melhoria da condição e qualidade de vida dos deficientes físicos.

Em seguida, Mayana Zatz, muito prestigiada, apresentou o trabalho que desenvolve no Centro do Genoma Humano – USP, discorrendo sobre sua luta pela continuidade das pesquisas com células-tronco adultas e embrionárias.

A partir da reiterada questão: “Quando começa a vida?”, Jorge Forbes desenvolveu dez aforismos sobre a vida. Foi interrompido por três vezes, por entusiasmados aplausos. Afirmou que estamos em uma encruzilhada ética, diferenciando ética de moral. Destacou uma ética da responsabilidade e do desejo. Forbes concluiu falando da sua opção: “Não desisto de reconhecer no ser humano o estatuto da dúvida que lhe é inerente e não almejo a ele a semelhança de uma vaca instintiva que define sua trajetória no primeiro encontro de um espermatozóide com o óvulo”.

Fernando Henrique Cardoso, logo em seguida, dizendo o quanto concordava com o psicanalista, tendo por isso ficado com pouco a dizer, reiterou que a discussão filosófica de quando começa a vida é infinita. Afirmou também que é bom que tenhamos dúvidas e concluiu: “Na impossibilidade de uma resposta taxativa de quando começa a vida humana, deve-se tomar uma decisão que permita que as vidas daqueles que já estão aqui, como seres humanos completos, possam ser melhoradas”.

Os debatedores contrários à pesquisa, desesperados, não encontraram eco na platéia, fato confirmado pelas acaloradas intervenções do grande público.