/Colóquio 2054 – Tendências da Psicanálise

Sinopse do evento (versão jornalística), por Andréa Naccache

O Colóquio promovido por Jorge Forbes em 13 e 14 de dezembro de 2002 em São Paulo, expôs, da psicanálise,as tendências. Forbes abre a série de conferências e Giovannetti apresenta um ensaio sobre o Mundo Novo que, de admirável, traz o fim da permanência, o esfacelamento dos conceitos, a morte do narrador. Forbes, por sua vez, interpreta, neste Mundo, a psicanálise possível por meio de um novo “software”, em que “Freud não explica”, o software Lacan. Na causa improvável, na unidade múltipla, na coerência impossível, uma psicanálise em que o ato se mede pela conseqüência. Sua proposta é que reconheçamos novidade nos sintomas atuais (não mera reedição das questões edípicas) e que, para os difíceis casos que se apresentam, vejamos as soluções espontâneas que já existem no mundo. Seguirá como pauta para os debates seguintes.

A instituição analítica é apresentada pelo olhar dos Estados Gerais – a partir da amizade “do talvez”, em sua lógica incompleta, na leitura de Miguel Calmon. Também a experiência do Curso da Formação Analítica que tem partida imediata do segundo ensino de Lacan – sucesso de 2002 em São Paulo, por Margareth Ferraz. E Manoel Berlinck expõe o modelo que trouxe ao Brasil, de Pierre Fédida, dos Laboratórios de Psicopatologia Fundamental, propondo potencializar a narrativa sobre as inquietações da clínica cotidiana. São diversas as tendências.

No segundo dia, o Colóquio recomeça com embates abertos: psiquiatria, psicologia e psicanálise são questionadas nas suas condições de trabalho juntas, ou na sua radical imiscibilidade: a psicanálise no Hospital. Por Mara Cristina de Lucia, Gilda Paoliello e Ariel Bogochvol.

Carlos Genaro Fernández examina, a seguir, os sucessos e percalços da experiência da EBP, sobre que Márcio Peter Leite indaga se ela jamais pôde ser brasileira. Enfim, mesas mistas. Elza Macedo, Marta Monteiro e Maria Koshen confrontam as publicações psicanalíticas das principais correntes nacionais – na polifonia ipeísta, no uníssono lacaniano – e Luiz Alberto Hanns apresenta seu arrojado projeto de retradução de Freud; são indagados profissionais de formações diversas – das neurociências e estudo da linguagem, Ana Maria; da psiquiatria, Laura Andrade; da universidade, Tânia; e da educação, Leny Mrech – sobre as razões de seu interesse na psicanálise. No encerramento, a surpresa de vermos Calmon (IPA) e Forbes (AMP) lado a lado para, eles também responderem pela postura renovada que hoje conferem a suas respectivas orientações: o interesse melhor do encontro.

Aplausos de pé.