/“Do que sofre o Homem Contemporâneo?” – Estação do Saber no Pátio Savassi – BH
Do que sofre o Homem Contemporâneo?
O homem contemporâneo sofre de desbussolamento, termo que propus para nomear a perda do norte que guiava o horizonte de suas ações. Assim: HOMEM DESBUSSOLADO, seria seu nome.
A perda do norte se deu na passagem de uma sociedade verticalmente orientada, quanto à formação da identidade, própria à era industrial, para uma sociedade horizontalmente orientada, globalizada.
Na sociedade horizontal, de nossos dias, não há um ideal maior, mas vários. Não é mais UNI-forme, ou UNI-versal, mas global, ou seja, temos multiplicidade de opções.
Homens se diferenciam de mulheres em algo básico: a forma de se satisfazer. Homens adoram a ordem unida, mulheres preferem a diversidade. Homens ficam felizes quando comparados a outros homens, mulheres, não. Homens se vestem igual camisa do Alfredinho-, mulheres, não. Homens gostam de turma, mulheres, não tanto.
Em vista disso, a globalização favorece as mulheres e faz os homens sofrerem.
Do que sofre, então, o homem contemporâneo?
– de saudades dos tempos onde impunha a disciplina militar, ou da ordem unida;
– da mulher independente;
– do filho que não o admira;
– de sentir que a aposentadoria dos cinqüenta foi postergada para mais cinqüenta;
– de medo de apostar em um mundo cheio de opções, quando preferia, como antes, copiar;
– de se achar sem futuro;
– enfim: foi-se o tempo em que o adolescente era um garoto, entre 13 e 18 anos, cheio de vontade de viver e um pouco desorientado. A adolescência mudou de faixa etária. Hoje, a pessoa entre 50 e 60 anos entra em crise com quase todas as suas escolhas anteriores: de amor, de trabalho, de amigos, de prazeres. Curiosamente, ela se angustia com tantos anos pela frente da vida prolongada nos dias de hoje. Viver mais é bom, mas não saber como, é duro. Há que se inventar novas profissões, amigos, renovar amores, conviver com filhos, netos, bisnetos. Enfim, cabe a pergunta: – Como você quer comemorar os seus 100 anos?