/O jovem de 50 anos – Dandy – Piracicaba/SP

Cinqüentão: O verdadeiro adolescente. Uma nova crise a ser tratada

Um presente de grego; é assim que muitos recebem a notícia emitida pelos avanços técnico-científicos no prolongamento da vida. Ganhamos de 30 a 40 anos, a mais, de vida participativa.

Estamos frente a uma quebra de equilíbrio importante. Até bem pouco tempo, tudo estava acertado, combinado, para se morrer por volta dos 70 anos. O tempo do fim da saúde se articulava com o fim do trabalho, que por sua vez se harmonizava com o tempo da herança e da substituição das gerações.

Agora, um desequilíbrio. O corpo está ótimo, mas a cabeça parou: produz-se o atleta com Alzheimer. O mercado de trabalho precisa aposentar os mais competentes – que viram consultores empurrados pela fila de jovens genéricos que batem à porta. O avô – nem mesmo o pai o avô rouba a namorada do amigo do neto; enquanto o neto embarca nos prazeres da amiga da avó. A lista de exemplos prossegue, é longa e sensível a todos nós.

Foi-se o tempo em que o adolescente era um garoto, entre 13 e 18 anos, cheio de vontade de viver e um pouco desorientado. A adolescência mudou de faixa etária. Hoje, a pessoa entre 50 e 60 anos entra em crise com quase todas as suas escolhas anteriores: de amor, de trabalho, de amigos, de prazeres. Curiosamente, ela se angustia com tantos anos pela frente da vida prolongada nos dias de hoje. Viver mais é bom, mas não saber como, é duro. Há que se inventar novas profissões, amigos, renovar amores, conviver com filhos, netos, bisnetos. Enfim, cabe a pergunta: – Como você quer comemorar os seus 100 anos?