/Para lembrar N°.1 – Clínica-Escola com Jorge Forbes

Clínica-Escola com Jorge Forbes

IPLA – segunda-feira – 6 de abril de 2009

1) Qual é o caso do caso clínico?

  • Uma pergunta bastante simples e, como toda pergunta simples, de difícil resposta.
  • Não podemos confundir o sofrimento humano com o caso clínico.
  • As pessoas sofrem e nós podemos nos fascinar com suas histórias, pois as pessoas têm histórias muito interessantes. Só temos que lembrar que a clínica não é um teatro de Nelson Rodrigues.
  • Quando vamos discutir a clínica, temos que verificar quais são os elementos que definem um caso clínico. É interessante que a gente mantenha sempre um clima de surpresa, ao contrário de dizer “já sei”.
  • Ao escrevermos um caso devemos nos perguntar: -“Onde está a gordura do que estou dizendo?”. Essas gorduras nos encantam e nos cegam clinicamente. Então, como desbastar e chegar ao âmago do caso?
  • É necessário que haja intervenção analítica, para que um caso qualquer venha a ser um caso clínico.

2) Autorização de uma análise

  • O fato de alguém ir a um analista não quer dizer que esteja fazendo análise.
  • O analista faz parte do sintoma. Se ele não intervier, não tem análise.
  • O contrato analítico é diferente do contrato jurídico. Um é do sujeito do inconsciente; outro, do sujeito civil.
  • Autorizar uma análise, do ponto de vista lacaniano, não tem nada a ver com marcação de sessão, com definição de custos, definição de férias, não tem nada a ver com o contrato jurídico.
  • O contrato analítico é a passagem de um estado coloquial – eu e tu – a um estado enigmático: eu e o Outro. Che vuoi?
  • As primeiras queixas habitualmente são feitas em discurso vazio que pede a compaixão do Outro. A conversa banal tranqüiliza as pessoas.
  • Um analista autoriza uma análise por suportar o não sentido. O conhecido acalma. As psicoterapias, por sua vez, acalmam, elas são harmônicas. O analista é alguém que descompleta. É alguém que tem que suportar o incompleto do sentido. Ele só pode suportar isso a partir de sua análise pessoal.
  • A teoria psicanalítica é conflitiva. Ela não busca a solução do conflito, mas o “savoir faire” de cada um frente ao conflito.
  • Na medida em que o analista consegue suportar o incompleto do sentido, ele recupera a curiosidade quase infantil, que é a curiosidade do não falado: in-fans.
  • O analista não se prende no dito, mas opera no interdito, quebrando a expectativa de sentido da pessoa. Ele desentende.
  • Quando o analista não entende, ele aflige a pessoa fazendo com que essa pessoa vá buscar conforto. Não o encontrando na relação especular, vide grafo do sujeito, a resposta vem do segundo nível, do nível fantasmático.
  • O analista tem que transformar o particular em singular. Ele chega à singularidade quebrando a expectativa do todo.
  • Autorizar uma análise é apostar no inconsciente.
  • O analista põe de si. Ele se interessa pelos analisandos. Ele tem que ter uma curiosidade inesgotável e infantil.
  • Em psicanálise, moral e ética não se confundem.
  • O que em cada pessoa resiste a ser uma história comum? Que ponto podemos achar em cada pessoa para dizer: essa é uma história sua e não de qualquer outro? Só há um Homem dos Ratos. Só há um Hans. Só há uma Dora.

Sinopse de Teresa Genesini