Jorge Forbes
A solidão dos executivos, em especial aqueles em posição de liderança, não é sempre um problema, como pode parecer. Ela deve ser abordada por, ao menos, três aspectos: a solidão desejada, a solidão exibida e a solidão sofrida. As duas primeiras são mais fáceis de serem compreendidas.
- A solidão desejada: A pessoa que trabalha em uma empresa, que comparte seu espaço com outros colegas em salas sem divisão, ou com divisórias pela metade, o que se chama de “aquário”, pode sofrer um cansaço de não ter em nenhuma parte do dia um momento de paz, de recolhimento, de distração, enfim, de estar consigo mesmo. As salas unitárias são reservadas para os que ocupam postos mais altos e esta solidão pode ser muito bem vinda.
- Solidão exibida: É muito comum a queixa do peso da solidão do líder, naqueles que fazem disso puro exibicionismo: “Oh! Como me dói não saber se janto hoje com Tony Blair ou com George Bush!”. “Ah! Que coisa horrível pensar onde devo investir um milhão de dólares da minha empresa.” Fica evidente serem estes falsos problemas de grandes narcisos.
- Solidão sofrida: A solidão sofrida divide-se em dois tipos: produtiva e improdutivaa. A) Solidão produtiva: É a solidão que vive o líder do tempo da globalização, que sabe que qualquer conclusão é precipitada. Quem quiser esperar o conhecimento completo de todas as premissas, para só depois concluir, está fadado a nadar no pântano da indecisão. O mundo globalizado é um mundo incompleto, que não responde a nenhum padrão universal. O líder é confrontado à necessidade do risco e da aposta, e o que diferencia o grande do pequeno líder é o talento, a coragem, a ousadia e a criatividade. B) Solidão improdutiva: É aquela que, causada pelos mesmos motivos da anterior, paralisa aquele que deveria ousar e, no entanto, se acovarda. É a este capítulo que pertencem os estressados, pois o estressado é quem cronifica a angústia pelo temor do ato.
(Publicado na Gazeta Mercantil – 5 de junho de 2001).