Elza Macedo
Este decálogo é resposta à pergunta da colega Maria Cecília Parasmo, no contexto do Projeto Análise, coordenado por Jorge Forbes: O analista é analista apenas na sessão de análise ou o é o tempo todo?
Um analista se posiciona sempre como tal.
Sua análise o levou a responder a partir de seu desejo e a querer aquilo que deseja.
Sua análise o levou a se relacionar com o mundo a partir do real.
Sua análise o levou a não extrudar o real.
Sua análise o levou a lidar com o real enquanto intruso.
Sua análise o levou a se reportar a um Outro, a se colocar como analisante. É numa análise que, basicamente, o analista se forma, “para poder se oferecer num amor absolutamente peculiar, que é o amor de transferência e não o amor do pacto”. (Forbes)
Sua análise o levou a suportar seu corpo (leib), corporar, na sua singularidade e não na universalidade do todos iguais.
Sua análise o levou a não ceder ao corporativismo, ao mutualismo e ao toma-lá-dá-cá.
Sua análise o levou a reconhecer o engodo do prêt-à-porter com máscara de sofrimento, de generosidade, de compaixão, de conhecimento, de poder…
Sua análise o conduziu a se mover numa fita de Moebius, onde não há fronteira entre o dentro e o fora, entre o consultório e o mundo.
Se a psicanálise fosse uma prática, uma profissão, então, o analista se restringiria aos limites da técnica e só poderia ser analista na sessão de análise. Mas a psicanálise é uma práxis, envolve uma ética.
Então, ele só pode ser analista o tempo todo.