Comentário de Samuel Basz, em São Paulo, no sábado, 9 de dezembro de 2006, durante a Jornada do Instituto da Psicanálise Lacaniana.
Estou no Campo Freudiano desde 1980. Vejo aqui, hoje, uma mudança radical na transmissão da psicanálise. Vocês encontraram um estilo do que é uma resposta, desde a psicanálise, à época da inexistência do Outro.
Não sei se vocês têm consciência do extraordinário que inventaram. É o que Miller chamou de “esforço de poesia”: uma criação, uma invenção. Para isso tem que se ter uma relação muito forte com a causa analítica. O que vocês estão fazendo implica uma relação com a causa que não é pela via da empáfia e do enfatuado.
Vocês não podem reduzir, guardar esta experiência no espaço íntimo. Não se trata, também, de transmitir só para fora, mas para o interior da comunidade analítica; esse modo que não é burocrático, nem universitário.
Acredito que o que vocês encontraram é algo que permite fazer um novo uso da lógica que se deduz da psicanálise. Vocês têm um saber incorporado que é muito difícil de se alcançar e que tem que ser transmitido.
Vocês têm que patentear esta descoberta o mais depressa possível, pois assim vão querer vendê-la, e ela poderá ser usada além desta comunidade.