/Você quer o que deseja?

Editora Best Seller, 2003. Lançamento em 24 de novembro de 2003.

A sociedade globalizada, paradoxalmente, conduziu o homem a ser o único responsável por si mesmo. A solidão ronda, e as escolhas, sob o impacto da publicidade e das informações em tempo integral, na busca sôfrega de sucesso, pesam cada vez mais nas costas de cada um. A frustração com o que se alcança faz permanente a insatisfação e revela o sentimento da incapacidade de se apontar diretrizes para a própria vida. Em estilo claro e gostoso de ler, este é o drama que Jorge Forbes desnuda e apresenta em Você Quer o Que Deseja?, para a reflexão de muitos e o desespero de alguns.

Miguel Reale Júnior

“Cuidado com o que desejas, pois poderás ser atendido”, diz o provérbio judaico. Lacan propõe que devemos ser gratos a quem não nos deu o que pedimos. E Jorge Forbes revisita o desejo humano, suas ciladas e angústias, contemplando-nos com agudas reflexões numa prosa ao mesmo tempo refinada e coloquial.

Maria Adelaide Amaral

A psicanálise é uma das grandes experiências culturais do século XX e conserva esse papel no XXI. Nos últimos anos evidenciou-se que não podemos reduzir seu papel à relação de consultório com um analista. Se ela tem algo a nos dizer, precisa ir além da ação clínica. Por isso, alguns psicanalistas têm tratado de falar à sociedade (isto é, pela mídia) sobre a sociedade (isto é, sobre nós mesmos).
A pergunta de Jorge Forbes é: o que Freud, revisto por Lacan, pode dizer que seja um ganho para as pessoas, mesmo às que nunca passaram – nem passarão – pelo divã? Como poderemos conhecer melhor a nós mesmos e ao mundo, aprimorando a qualidade de nossa ação, de nossas escolhas?

Isso não quer dizer que Freud, Lacan ou mesmo Forbes vá, como diz a velha frase, “explicar”. Nosso mundo está em constante mudança. É uma ilusão querer decifrá-lo e gerar paz com isso. Esse é o erro dos que vendem respostas prontas que só adiam e agravam a angústia, cada vez mais escondida dentro de nós.
O que se deve fazer é outra coisa.

É melhorar a qualidade da dúvida.

Não é responder definitivamente às perguntas, mas aprender a vivê-las melhor.

É conviver com as mudanças. Como propõe Forbes ao analisar o filme Matrix, temos hoje novas relações sociais e humanas. Elas podem até nos irritar, mas precisamos entender o que está acontecendo. Essa é a maior riqueza deste livro: que o leitor saia dele mais rico do que entrou, mas também com mais perguntas.

E mais disposto a conviver com suas dúvidas e a suportá-las.

Renato Janine Ribeiro