Três profissões impossíveis destacava Freud: educar, julgar e analisar. Em comum, o fato de todas elas trazerem em si uma quantidade de subjetividade impossível de ser anulada. Não há prova inequívoca do bom funcionamento de nenhuma dessas três; é um domínio onde fica claro como a verdade é diferente da certeza.
A educação, como as outras duas suas parceiras na impossibilidade, necessariamente adquire o relevo da época, mudando conforme o tempo. O Ateneu de Raul Pompéia é muito diferente das modernas escolas que lhe substituíram, as quais, por sua vez, também já envelheceram. No mundo globalizado, a educação ainda tateia seu lugar. Sabe que não resolverá novos problemas com antigas soluções, mas ainda discute o que fazer quando o saber se transformou em um aperto no rato (mouse).
Podemos, com esse título, A Educação além do bem e do mal, tentarmos estabelecer uma orografia da educação em três épocas: de quando a Escola era do bem e expulsava o mal; de quando tentou articular os dois; e agora quando a nosso ver terá que ir além do bem e do mal para responder à ética da invenção responsável, própria aos nossos dias.
Jorge Forbes