/Aforismos de Jorge Forbes sobre o amor

escolhidos
por Teresa Genesini

No mês de junho, em que comemoramos o
dia dos namorados e o dia do santo casamenteiro, as revistas, jornais e
programas de televisão trazem à tona o amor e suas vicissitudes. A psicanálise
está diretamente ligada a esse tema, pois, como diz Lacan: “do amor, fala-se na
análise”.

 

Jorge Forbes participou de dois
eventos que tratam do amor, neste mês de junho: um debate, “o amor nos tempos
digitais”,  promovido pela TV Carta
Capital e um documentário sobre “amores improváveis”, pela TV Brasil.

Selecionei, de suas intervenções, uma
pequena síntese que ele fez do que pensa sobre os tipos de transcendência do
laço social humano e pincei de suas falas alguns aforismos.

Sobre os tipos de amor:

“Amor da
primeira transcendência seria o amor natural, da cara metade, onde haveria uma
harmonia.

Amor da
segunda transcendência seria o amor dos deuses. O que Deus uniu o homem não
separa: “encontro minha alma gêmea”.

Amor da
transcendência iluminista seria o amor racional, do merecimento. “Você me
merece e eu te mereço”.

Esses três
tipos de amor são expressões do laço social vertical. O amor na pós-modernidade
sustenta-se em um laço social horizontal, que não se define por um padrão
externo a si mesmo. O amor que vivemos neste momento é um amor responsável. Se
uma pessoa está com outra, não pode dizer que seja por alguma outra razão que
não o “querer estar”; por isso é um amor direto, sem intermediação. Um amor que
não sei explicar, mas responsável.

No momento em
que temos um homem desbussolado, que perdeu suas referências, estamos numa nova
época. Temos uma opção de voltarmos para trás, sermos reacionários, genéricos
ou fazermos um exercício de singularidade, de um novo amor.”

 

Frases aforismáticas:

  • Amor
    é encontrar um sentido para si mesmo, através do Outro.
  • Amor
    não é harmonia. É incômodo, é despertar. É provocação, no sentido de fazer
    falar.
  • Penso
    que todos os amores são improváveis. Não existe amor standard, não existe amor padrão, amor esperado.
  • O
    amor é sempre improvável, no sentido que não há uma prova última que o
    comprove.
  • Se
    alguém diz “Eu te amo!”, o outro duvida: “Você me ama mesmo? Por quê?”
    Quando o amante vai responder, não consegue, não tem explicação. É um amor
    tonto, mas responsável.
  • O
    amor bandido é uma tentativa de afirmar: “Sei que não devia te amar, mas
    eu te amo mesmo assim.”
  • Mulheres
    têm maior facilidade ao amor bandido do que os homens.
  • Na
    porta de um presídio há sempre mais mulheres do que homens porque a mulher
    afirma um amor acima das regras da civilização: “Eu te amo além da norma
    social.”
  • Hoje
    todas as cartas são cartas de amor.
  • Quando
    você não tem mais um padrão de referência na significação, o padrão passa
    a ser a invenção que você faz.
  • Atrás
    da laconicidade das cartas digitais existe uma troca intensa, amorosa,
    poética, no sentido de que não existe outra comunicação nesse momento que
    não a criativa.
  • Nossa
    era é do amor – é o amor o laço social por excelência, na pós-modernidade.
  • Saímos
    de um laço social vertical, de uma transcendência natural, religiosa ou
    racional e passamos a um laço social horizontal, que se chama amor.
  • Vivemos
    um novo tipo de amor – um amor muito diferente dos anteriores porque é um
    amor que não tem intermediação. Uma nova transcendência.

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Links dos
programas no YouTube:


Amor nos tempos digitais 

Amores improváveis