Perfis psicológicos –Entrevista de Jorge Forbes para o Caderno Link
O Estado de São Paulo – 23 de maio 2011
“Não vejo incompatibilidade entre o exercício da psicanálise e da cidadania”
LOGIN – Jorge Forbes, psicanalista
Ele não é um tipo reservado. Olhe bem para a foto – talvez você o reconheça. O psiquiatra e psicanalista Jorge Forbes aparece frequentemente nos jornais, nos programas de TV e na internet. Seu site pessoal (www.jorgeforbes.com.br ), funciona mais ou menos como um blog, e um perfil no Twitter. Ali, ele divulga sua agenda de palestras e entrevistas, além de algumas ideias sobre a vida.
Como psicanalista, você não se sente exposto nas redes sociais?
Parto do princípio de que o psicanalista é um cidadão. Lacan dizia não saber se a psicanálise era uma ciência ou não, mas sabia que não se tratava de uma ciência oculta. É claro que eu não pretendo fazer análise de ninguém por meio da internet, porque a análise exige a dureza do contato físico. Mas me valho especialmente do Twitter para publicar minhas opiniões e não consigo opinar de outro modo que não seja atravessado pela psicanálise.
Por que o Twitter?
Aprecio a concisão dos 140 toques. Isso nos obriga a entender melhor o que realmente queremos dizer. Uma sessão de psicanálise lacaniana pode ser muito curta, porque se entende que não se chega necessariamente a maiores verdades falando por mais tempo. E há outra coisa de que gosto muito no Twitter: você fala em praça pública. Essa é a grande pós-modernidade das mídias sociais.
E quanto ao Facebook e ao Orkut?
Tenho um site que mantenho atualizado. E o Twitter. Acho que já está de bom tamanho. O fato é que não me sinto atraído por essas mídias sociais muito focadas em nostalgia. Encontrar velhos conhecidos, reviver antigos hábitos… Tenho muito prazer com o meu passado, não sou saudosista. O que me interessa agora é o futuro.
O senhor aparece muito na TV, nos jornais e, com o Twitter, também na internet. Isso nunca interferiu no seu trabalho?
Todo formador de opinião quer se comunicar. Lacan realizava seminários, falava em público com qualquer pessoa e nunca viu problema nisso. Não vejo nenhuma incompatibilidade entre o exercício da psicanálise e o da cidadania. Alguns profissionais preferem viver em uma espécie extraterritorialidade. Mas eu acredito que isto se deva muito mais a uma questão de personalidade do que de necessidade profissional.
O senhor já foi criticado pelo uso que faz da internet?
Eu nunca recebi nenhum tipo de crítica diretamente por isso – o que não quer dizer que não haja!
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